Steve Jobs e a Freguesa da Farmácia Serejo

Lourival Serejo

Num gesto de solidariedade surpreendente, todo o mundo lamentou a morte de Steve Jobs, o gênio da maçã que transformou a Apple na empresa mais rentável do setor de informática. Todas as classes sociais juntaram-se nessas manifestações de luto e seu exemplo de sucesso passou a ser procurado por todos que buscam sucesso na vida pessoal e profissional. Sua biografia já está entre os primeiros livros mais vendidos nas livrarias de todos os países.

Dentre muitas louvações e análises que observei na mídia, a respeito da morte de Jobs, impressionou-me a crônica que li na Folha de São Paulo (edição de 29.10.2011), da autoria de Álvaro Pereira Júnior, com o seguinte título: O suicídio de Steve Jobs.

O cronista declara que Steve Jobs adiou o tratamento do seu câncer por nove meses para recorrer a dietas extravagantes, crendices e até remédios de curandeiros. A demora teria precipitado sua morte. Depois de tecer várias considerações sobre o falecido e essa conduta, concluiu o cronista: “Para se tratar, Jobs percorreu o mesmo caminho intuitivo e arriscado que usava para conceber seus produtos. Só que, dessa vez, seu oponente não era o mercado, que ele tão bem dominava, mas células tumorais em replicação descontrolada. Embate perdido, uma espécie de suicídio.”

E o que tem a ver a morte do revolucionário da Apple com a Farmácia Serejo? Sem mistério nenhum, é o leitor que vai me ajudar a descobrir essa ligação.

Por ocasião do Dia de Finados, passei em Viana e ali, em conversa com meu irmão, José, dono da Farmácia Serejo, ele contou-me a seguinte história: que estava em sua farmácia, recentemente, quando entrou uma mulher, aparentemente bem vestida, que, dirigindo-se a ele, perguntou: Aqui tem remédio para fleche? Surpreso, ele pediu esclarecimento. O que é fleche, senhora? A resposta veio direta: Flechada de currupira.

Curioso, o boticário indagou sobre os sintomas daquela doença, tendo ela esclarecido que estava com dor no pé esquerdo e que a causa teria sido uma flechada de currupira.

Essa senhora mora no interior de um estado subdesenvolvido e sua crença é proporcional ao seu nível de estudos. Portanto, até justificada, pois cresceu ouvindo dizer que o currupira é um duende, em forma de um menino, com os pés para trás, que anda pelo mato a fazer maldades com as pessoas que encontra.

Não sei por quê, mas logo que ouvi a história do meu irmão, associei-a ao nome de Steve Jobs, talvez por influência da crônica que havia lido, ou por pura cisma, talvez até por mera divagação.



Lourival Serejo

     Lourival de Jesus Serejo Sousa nasceu na cidade de Viana, Maranhão. Filho de Nozor Lauro Lopes de Sousa e Isabel Serejo Sousa. Formou-se em Direito, em
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