A crônica maranhense em alta

A crônica maranhense está vivendo um período de fertilidade, com o surgimento e a afirmação de cronistas qualificados, que já receberam a consagração dos seus leitores. Essa receptividade é como um "diploma" que lhes é conferido, o que não é fácil conquistar, pois os examinadores são muito exigentes.

É preciso salientar que, para respaldar esta breve análise, distingo o cronista do articulista, este voltado para textos com temas mais técnicos ou análises pessoais. A crônica tem a vocação da efemeridade, do tempo (cronos), da semana, do dia. Ela aparece como quem não quer nada, diz o seu recado e desaparece. O jornal é seu melhor veículo de expressão, sempre foi. Mas agora tem outro concorrente: a internet. Vários jornais literários já adotam as crônicas em sites.

A crônica maranhense está, nos últimos tempos, eternizando-se em livros: destino sempre almejado por aqueles que se dedicam a esse ofício. A contar de certa data, tivemos o lançamento das crônicas de Bernardo Coelho de Almeida (Galeria), José Chagas (Da arte de falar bem), Carlos Gaspar (Reflexões semanais, O sobrado amarelo), Sebastião Jorge (Cenas de rua), Ney Bello (Oitenta semanas em prosa), Sanatiel Pereira (Os quatro elementos, Janelas do tempo), Joaquim Haickel (Dito & feito), Ubiratan Teixeira (Bastidores, Labirintos, Diário de campo),  Lourival Serejo (Entre Viana e Viena), Manoel Aureliano (Canções de uma vida), Joaquim Itapary (Armário de palavras)  e, mais recentemente, as de Ivan Sarney (O congresso das garças) e as de Lino Moreira (A casa e outras crônicas e memórias). Estão faltando o livro de crônicas de Ceres Fernandes e o de José Ewerton, cronistas aplaudidos por seus leitores.  Jomar Moraes, que passou a vida toda escrevendo crônicas, esqueceu-se de reunir suas produções semanais em uma ou várias obras.  O presidente Sarney,  apesar de ter várias publicações referentes às suas crônicas, na Folha de São Paulo, não publicou ainda um volume exclusivo para temas maranhenses.   

Esqueci-me de alguém? É bem provável. Seria bom que alguém viesse completar essa relação.

Gostaria de comentar todos esses livros, um a um, para ressaltar a arte que cada autor soube expressar em seus textos.

Joaquim Itapary, que fez falta pelo seu recolhimento, sempre teve o cuidado de reunir suas crônicas em edições cuidadosamente preparadas (Sob o sol, Onde andará Willy Ronis?)

No passado distante, os maiores cronistas do Brasil – por sinal, contemporâneos – foram os maranhenses Humberto de Campos e Coelho Neto. Antes, houve Aluísio Azevedo e Artur Azevedo. Até o poeta Gonçalves Dias foi descoberto como cronista. Mais recentemente, tivemos Josué Montello; Franklin de Oliveira; Odylo Costa, filho; e Lago Burnett, este considerado por Manoel Aureliano como do mesmo quilate dos melhores cronistas do país. Vale assinalar, em data mais próxima, Lucy Teixeira,  Erasmo Dias e Jurivê de Macedo, este último lá de Imperatriz.

Atualmente, na largueza nacional, destacam-se Ferreira Gullar e José Sarney.

Os dois últimos lançamentos, tanto o de Ivan Sarney como o de Lino Moreira, merecem nossos aplausos. Ali estão selecionadas  crônicas que fazem qualquer leitor sentir o prazer da leitura.

Outro detalhe que merece ser ressaltado quanto aos últimos lançamentos: a qualidade e a arte gráfica dos nossos livros têm nos deixados recompensados. O livro de Lino, por exemplo, ficou perfeito em todos os sentidos.

Por esses motivos, portanto, temos razão para comemorar esta constatação: a crônica maranhense está em alta.

 



Lourival Serejo

     Lourival de Jesus Serejo Sousa nasceu na cidade de Viana, Maranhão. Filho de Nozor Lauro Lopes de Sousa e Isabel Serejo Sousa. Formou-se em Direito, em
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